sexta-feira, 5 de junho de 2009

Já Não Tenho Vinte Anos




Dois anos antes, entrava no hospital pela urgência. De saco na mão canadianas na outra, pronto para enfrentar um internamento para que o meu joelho ficasse de novo bom!
Mandaram-me aguardar numa sala de espera, que alguém iria ter comigo.
Permaneci algum tempo a observar o vai e vem de enfermeiras. E como era a hora das visitas, o constante subir e descer do elevador num entra e sai de pessoas. Distraia-me do meu propósito de ali estar.
Recordo o conforto que o segurança me deu: -“É para operação é” - Sim disse-lhe!
- “E onde é? “ - No joelho voltei a dizer!
- “ Foi no futebol aposto, uma pancada mais forte” - Sim calmamente respondi!
Ficou uns segundos a olhar para mim e o que me disse foi um tónico importante e que de longe a longe me vem à lembrança.
- “Vai correr tudo bem não se preocupe, Deus está consigo. Se precisar de mim é só chamar enquanto espera aqui, estou ali à entrada”!
Por fim uma enfermeira chamou-me e logo aí começaram os preparativos. Mandou-me vestir uma bata, apanhou-me o braço, picou-o e colocou-me logo um cateter.
Permaneci numa cama, algumas horas esperando a minha vez. Nisto é dada a ordem para eu avançar! Colocam-me uma bata esterilizada verde e uma touca do mesmo material. E lá vou eu pelo corredor fora, empurrado pelo enfermeiro de encontro ao elevador, que me levará ao bloco operatório!
O bloco operatório era amplo arejado e silencioso! Fui recebido por uma enfermeira muito meiga e experiente. Disse-me muito meigamente quase sussurrando, mas que eu ouvia perfeitamente: - “Não tenha receio de nada, só lhe vou introduzir a anestesia e daqui alguns minutos estará pronto para que o doutor o opere”!
- Estou bem, só quero que isto termine logo. Murmurei.
As luzes fortes batiam-me nos olhos, comecei a ter arrepios. Estou com frio, estou com frio o que é que se está a passar…………. Anestesia estava a fazer o seu papel e eu mergulhei num sono profundo, imensamente profundo!
Acordei duas horas depois! Outra enfermeira aguardava o meu despertar e alegre dizia-me que me estava a portar muito bem.
Permaneci quatro dias depois da cirurgia, um pouco difíceis! Não podia me virar, nem sentia o joelho.
Retomei a minha vida e voltei ao futebol, onde encontrei os amigos, já com saudades dos grandes despiques, duas vezes por semana.
Só que o joelho não respondia ao esforço e a determinada altura bloqueava. O que me causava um desconforto irritante.
Recorri novamente ao doutor, lamentando a minha má sorte e pedindo-lhe uma explicação do porquê do joelho não ter ficado bom a quando da cirurgia.
Como os doutores tem resposta para tudo, calmamente disse-me:
- “Ó pá se não ficou bom, estamos cá para o pôr bom de uma vez por todas”!
Precisamente neste momento acabo de regressar a casa vindo novamente do hospital, onde através de uma Artroscopia, espero debelar o problema no joelho de uma vez por todas.
Lá segui o ritual como anteriormente. Um atraso de duas horas para a cirurgia, não afectou o meu estado de espírito e passadas vinte e quatro horas de ter entrado naquele hospital com janela virada para o mar azul. Já estou em casa para em duas semanas recuperar o andar sem as canadianas, sempre incomodativas e detestáveis.
E depois de uma fisioterapia essencial, para recuperar a força do joelho. Espero regressar ao meu futebol de ginásio, duas vezes por semana. Onde durante uma hora esqueço tudo e vibro com a alegria das jogadas e os golos marcados.

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