segunda-feira, 15 de junho de 2009
Os Bombos da Festa
Dêmos as voltas que dermos. Chegamos sempre à infeliz conclusão, que somos os bombos da festa!
Somos os bombos de uma festa, que se está a tornar numa festa rija em molestar a nossa paciência para enfrentar a continuação de uma crise que não à meio de abrandar e começar a dar sinais de que poderemos amenizar a dor de perder o pouco que nos custou a poupar e deixar um buraco sem fundo para enfrentar o futuro.
OS PORTUGUESES vivem atolados de dívidas, que lhes irão arrancar o cabelo a cada dia que passa sem conseguir atenuar os endividamentos, que por cartas ameaçadoras lhe chegam bem à frente dos olhos quando já meios a medo abrem o exíguo espaço do correio. E só lhes resta apelar a Deus, viverem até aos oitenta, para finalmente terminar o calvário, de quem já lhes comeu a carne. Mas cientes de que com a velhice lhe irão roer os ossos, porque as dívidas serão a doença crónica de uma morte anunciada.
OS PORTUGUESES correram, famílias inteiras com gerações já a envolver os netos ainda a dar os primeiros passos, a depositar economias de uma vida, no eldorado do BPN. Com promessas de juros garantidos e bem altos em relação à concorrência, para num espaço bem curto duplicar o bolo granjeado e assim fazer face aos tumultos económicos que pudessem surgir. Surgiram bem cedo com o arrastar da enxurrada da crise e hoje centenas batem à porta da sede do banco e milhares seguem-nos pela TV, num desespero sem fim para lhes darem o que é deles, mas regressam a casa revoltados e só o tribunal anos mais tarde lhes dará a justiça de reaver o que para muitos irá ser tarde demais.
OS PORTUGUESES dia após dia deslocavam-se para os empregos, numa tarefa obrigatória e realizadora, no ganha-pão diário para uma qualidade de vida, que satisfazia a auto estima e moralizava a felicidade.
E do um momento para o outro o sonho real, tornou-se no maior dos pesadelos. Com a perda do emprego e o drama Social estampado por tudo o que era esquina.
Meio milhão já engloba as estatísticas. Outros milhares vão a caminho de engrossar ainda mais este drama que destrói famílias. E rouba vidas, quando o desespero se torna num tresloucado acto de tudo apagar para sempre.
OS PORTUGUESES, sabem e já tiveram provas. Que a crise não foi causada pelos trabalhadores. Consequentemente, não deveriam ser eles a pagá-la, mediante a redução dos salários, daqueles que ainda agarram com unhas e dentes o seu emprego. E dos benefícios sociais, tão arduamente conquistados em batalhas doridas que se arrastavam meses a fio em greves tumultuosas.
Mas sem nada poder fazer, vão ser os bombos da festa, em largar umas dezenas de euros mensais para oferecer a uma Sociedade madrasta para uns. E benevolente para os reais causadores da catástrofe, que nada já têm de valor, para pagarem um décimo do mal que originaram. Porque camuflaram fortunas colossais nas saias das deusas dos ilhéus que se escondem nos bunkers sem controlo de satélite ao mínimo sinal de movimento.
E os bombos da festa que nós somos, continuarão a tocar energicamente e alegrar as festas tradicionais e as campanhas eleitorais que aí vêm, para manter este estado de coisas que se mantém há mais de trinta anos, para satisfação dos otários, que pensam que tudo sabem e que podem mudar o mundo.
Mas no fundo, bem lá no fundo! São as ingénuas marionetas do sistema.
Sistema esse, a colossal muralha invisível que nos tolhe os movimentos, marcando-nos o passo e as esperanças. Em sonhar com melhores dias e belas noites.
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