sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O Jovem de Resposta Pronta mas Obras nem Vê-las



O jovem meteu os pés ao caminho e num impulso sem precedentes resolveu tratar de vida.
Habituado a que os pais lhe fizessem a papinha toda, aconchegava-se ao conforto do sofá curtindo o computador e esperando que os dias passassem para regressar à Faculdade com tudo a postos para mais um ano na boa vida e como é bom aluno, na menor dificuldade para estudar e assim se passava o ano na lei do menor esforço.
Desta vez tudo foi diferente! O ano terminou e o novo que agora se iniciou, iria recomeçar do zero e por à prova o jovem destemido nas palavras. Mas de obras, tá queto! Nem uma palha era mexida e conta-se pelos dedos de uma só mão passos dados por livre iniciativa, na procura de rasgos que pudessem elevar aquela consciência aos anais de envaidecimento.
Manhã bem cedo apanhou o comboio e lá foi Avenida acima parando no primeiro café que encontrou para engolir duas buchas e toca a esgravatar para encontrar o lar doce lar, que o iria embalar durante mais um ano de Ciências Farmacêuticas.
Depois de ter comprado o JN, ainda na estação da cidade natal. Aproveitou a hora da viagem para vistoriar os anúncios e ir já preparado para enfrentar as primeiras visitas que rodeavam a Faculdade. E as ligações via telemóvel das mais distantes, pouco do agrado a quem se sentia cansado com meia dúzia de caminhadas, Já que aquele corpo malandro se aconchegou a ter tudo bem perto da mão.
O resto da manhã foi passada sem novidades e já com um punhado de chamadas a engrossar mais a conta, fazendo-o tremelicar no dinheiro que o pai lhe dera, se daria para cobrir o dia.
Lá almoçou no restaurante do tempo de aulas, com o dono de sorriso feito. Uma forma de agradecer ao jovem cliente habitual permanecer no poiso usual.
Mas ainda nada existia os foguetes não podiam ser lançados porque a festa tinha que aguardar o desfecho certo.
A tarde estava a ameaçar chuva, mas ele suava de calafrios com receio de nada encontrar já que o novo ano estava a bater à porta.
Subiu a Avenida até se agarrar aos semáforos para carregar no pichavelho e assim abrir o verde para mais rápido virar para outra rua.
Já ia em vinte chamadas e nada encontrara! Estava tudo cheio de jovens estudantes.
Agora menos custoso já que, quem sobe terá que descer nem que seja na rua ao virar da esquina, tentou novo número numa pesquisa feita no Pingo Doce e…. Aleluia, aleluia!
O céu abriu-se de par em par! Deixando vislumbrar as portas do quarto que ele precisa!
A alegria era incontida! Era mesmo aquilo que imaginava. Todos dizem o mesmo quando desesperados já nada enxergam a cem metros.
Mirou o aposento! Aprovado. A cama confortável num lançar para cima, deixando cair aquele corpo franzino e esgotado de caminhar horas a fio.
Com janela para entrar o ar e dar cor ao amarelo pálido que todos os estudantes se revêem.
A dona, senhora de grande respeito, resolveu correr com os vícios dos anos anteriores que ameaçavam fazer do prédio habitação própria e ainda por cima com atrasos de pagamentos significativos. E reiniciou uma nova etapa de alojamento, com visionamento ao pormenor dos interessados e questionários de elevada valia. Assim pensava ela, nada lhe iria escapar e logo de entrada repreendeu-lhe devido ao atirar-se assim para a cama.
Estou muito cansado minha senhora. Justificou-se o jovem. E lá entraram nos pormenores de pagamentos e num até Sábado dona Quirina.
Apanhou o comboio esbaforido! Quase, quase a partir sem levar este jovem que nunca fez nada e hoje num assomo de coragem e valentia, provou a todos, mais a ele que tem boca para chegar a Roma a não se deixar encostar numa de chulice aos progenitores. Porque mais vale tarde do que nunca, conseguiu tratar de vida!

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