sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
A Noite Cai e o Natal lá se Vai
Mas como o Natal é a luz que aquece os despidos de conforto, deixemos ir a noite e guardemos o Natal para nos embalar todos os dias!
VAMOS aproveitar este embalo natalício e deixar-nos ir nas suas costas rumo á certeza de enfrentar a guerra chamada crise que nos empurra para o abismo e derrubá-la sem piedade, sem ponta de benevolência.
VAMOS de olhar em frente sentados no seu dorso derrubando barreiras com pontapés certeiros, nos pequenos obstáculos que se vão apresentando no nosso caminho cada vez mais amplo. E de garras afiadas, riscar os ventos ciclónicos que nos esbarravam no rosto e gritar a plenos pulmões que estamos vivos, bem vivos! Para sufocar os gritos histéricos, de quem quer impedir que derrubemos a malfadada crise.
VAMOS fixos no horizonte, para se for preciso ganharmos asas e voar, voar sem fim! Até atingirmos o degrau da segurança, da plenitude. E fazer frente às bruxarias dos que tudo podem e são agraciados com as benevolências dos prémios chorudos que contemplam uma dedicação em açambarcar para os seus donos aquilo que devia ser dos desamparados e dos oprimidos.
VAMOS de ouvidos atentos, aos rugidos prementes dos que nos governam. Manifestando já a queda, para que o cinto seja apertado, sempre nas mesmas barrigas onde os furos não tem espaço para mais um. E enquanto esmagamos os nossos estômagos, outros bem perto, só isolados pela segurança dos altos muros que cercam as moradias principescas, alargam aquelas belas panças, que nem deixam ver o tamanho do pombo que tudo papa.
VAMOS finalmente de encontro, à fé que nos pode salvar, em rezas diárias para elevar as nossas preces em direcção a Deus. Para que castigue os malfeitores desta tragédia que teima em amaldiçoar quem não tem canto para reclamar e por mais que nós não queiramos, teima em abençoar quem na escuridão dos gabinetes de mastros em riste, nos crucifique nos montes da desertificação e nas serras da solidão.
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