terça-feira, 1 de dezembro de 2009

No Coração de Trás dos Montes


Aproveitei estes dias que juntaram um feriado e fui de encontro ao inicio de Portugal, bem juntinho a Espanha, visitar Bragança já que lá não ia há mais de vinte anos. Numa altura que chegar a Bragança levava meio-dia, por entre curvas e contra curvas, dando enjoos frequentes e pouquíssimas ou nenhumas saudades de lá voltar tão cedo.
Agora chega-se lá ainda o CD não terminou de nos brindar com a ultima musica, que nos deixa embalados pelas melodias e cantamos canções bastantes conhecidas e lá subimos o Marão na via rápida e seguimos pela mesma via com destino a Bragança. Mas antes uma paragem em Mirandela para almoçar e esticar as pernas.
Posta à mirandesa como está-se mesmo a ver!
Tenrinha, mal passada que dava gosto mastigar! Interpelamos o chefe de mesa, se nos ia enfiar posta espanhola. Mas o homem um pouco constrangido afiançou que não podia ser. Estávamos na terra da boa posta à mirandesa e como tal nada de enganos. Era pura portuguesa com certeza!
Pela cara do Presidente da Câmara de Mirandela, também lá a almoçar, acreditei que a posta era mesmo dos bois cá das nossas pastagens.
Estava divinal como diz um amigo meu. E lá fomos para o nosso destino Bragança.
Comecei por admirar as rotundas!
Não muitas mas com gravuras espectaculares. Desde a chega dos bois, até às mascaras ibéricas. Passando pelas esculturas enormes, mascaradas da cor da paisagem transmontana que davam um valor artístico e uma beleza envolvente que convidavam a circular toda a rotunda para admirar tamanhas obras de arte.
O castelo magnífico!
Cheio de historia dos nossos antepassados que lá defenderam a nação e deram a vida pelo País que conquistamos e que consagrou os Duques de Bragança, numa geração que se expandiu por varias dinastias em centenas de anos.
E com o interior agora museu militar recheado de objectos, doado pelos nossos militares que lá fizeram a sua vida militar e lá deixaram os seus espólios para que todos pudessem partilhar das suas medalhas de bravura, dos seus actos de coragem que engrandeceram aquele que quartel de infantaria, que enviou tropas para a grande guerra e para o ultramar. Trazendo soldados mortos e outros mais como heróis, que juntos fazem a historia daquele castelo, que é a riqueza daquela cidade bem distante dos grandes centros.
Como Espanha estava a dois quarteirões resolvi dar lá um salto e visitar também umas muralhas que de certeza eram o forte de defesa contras os portugueses e vi-me nos dois lados da barricada, imaginando muitos anos antes como portugueses e espanhóis se defendiam dos ataques, de, ora agora vens cá tu ver se me roubas este pedaço de terra. Ora agora vou eu aí conquistar mais dois palmos de terreno para juntar ao pouco que já tenho.
E no caminho até lá, vislumbrei as primeiras neves que já cobriam aquela imensidão de montanhas que separam os dois países e galgando a A52, no meio de um frio de rachar regressei ao meu cantinho, com clima mais acolhedor, mas feliz por um fim-de-semana alargado, cheio de boa comida transmontana.
De frio de rachar os ossos, mas não impeditivo de conhecer os locais mais famosos, lá da zona.
A neve ali aos pés anunciando um período de imagens e alegria para quem a faz de diversão.
E felicidade estampada no rosto de quem nos rodeia, nestes momentos que fazem parte da nossa vida que nos convida a saboreá-la.

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