sábado, 20 de fevereiro de 2010

Os Anos Não Dão Vitalidade e o Fim é uma Realidade




Passamos a vida a acreditar em palavras que viram delírios, já que são comandadas pelo desespero. Mas abrimos os olhos e lançamo-nos na busca do querer agarrar o futuro com unhas e dentes.
Talvez já tarde, mas como diz o velho ditado: mais vale tarde do que nunca!
Crescemos amarrados no acreditar que o mau bocado é de passagem. Que bons ventos estão á porta e que de novo ocupamos o lugar a que temos direito.
Os dias passam e os meses chegam, mas surge o inicio do fim!
Um fim que sabemos agora já anunciado, mas que criávamos a ilusão de que haveria sempre uma solução.
Acreditávamos até ao último minuto, que a solução haveria de chegar. Fosse com uma encomenda de encher os olhos e os bolsos a quem nos pagava. E assim a satisfação era mútua e a vida continuava.
Ou depois de um interregno de dois meses, chegava a solução milagrosa de um empréstimo bancário para prosseguirmos durante mais uns tempos, que ilusoriamente pensávamos que poderiam ser anos vindouros.
Vivemos assim uns anos! No acreditar, no que, dia após dia mergulhava num abismo sem fim.
Éramos fortes, numa região que os anos passavam mas a empresa se solidificava.
Passamos a barreira dos cinquenta anos e liderávamos o mercado e todos acreditavam no nosso nome sagrado para o conselho e meta final do sustento garantido para famílias onde a entrada nesse espaço fabril era o orgulho de uma realização à época.
Os anos voaram e voaram também o tempo das vacas gordas!
O pasto deixou de engordar quem lá trabalhava e mesmo com a despedida de dezenas de homens já cansados de anos e anos de labuta. Não se conseguia carrilar as finanças de um monstro que ameaçava perder a força que tanto se orgulhou em possuir.
A crise abriu as últimas chagas num Cristo feito de pavilhões vazios, pelo hipotecar de produção sem lucro em maquinaria que dava vida a matéria-prima nascida de uma planta.
Os anos passavam sem folguedo de comemoração tal a escassez de recursos para acender meia dúzia de foguetes.
Numa área outrora tão movimentada, ora de dia ora de noite de trabalhadores numa passagem de troca de testemunho de poucas horas. Vê-se hoje um amontoado de pavilhões enormes vazios e escuros, cheirando a recordações já distantes e a memórias que se perdem com o tempo.
A ultima gota de acreditar, caiu em saco roto e hoje os portões que delimitavam a passagem a quem em tempos assentava arraiais, horas e horas em busca de um sustento que era a segurança de uma família. Fecha-se aos poucos num movimento que não é muito perceptível mas que já não deixa entrar um corpo de estômago bem abonado.
O milagre não vai surgir e o portão acabará por bater pela última vez e a volta na fechadura será automática fazendo com que aí permaneça lacrado para sempre.
Será o virar de página em anos que passaram com o nosso crescimento. A reconversão é a realidade daqui para a frente num pedalar para recuperar algum tempo. Aquele tempo que quem nos é próximo não se cansava de alertar para acordarmos para a realidade que teimávamos em não descortinar e lidávamos com ela todos os dias.

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