sábado, 27 de fevereiro de 2010

Perguntei ao Vento



Perguntei ao vento que passa através da varanda resguardada, notícias do sul do País.
Mas ele nem me ouviu já que parecia um monstro enraivecido quando dei salto atrás do empurrão traiçoeiro que me desferiu a caminho do seu destino.
Soprava raivosamente num silvo ronco que atravessa os edifícios entoando sons monstruosos que eleva a preocupação nos rostos dos transeuntes.
Já partiu vidros das entradas, soltou chapas dos beirais e arrasta plásticos soltos, como balões fugidos das mãos das chorosas criancinhas.
O vento é violento, obriga a um esforço tenaz para caminhar e faz cambalear os mais idosos nuns movimentos embriagados que verga quem já não é novo.
A electricidade falhou porque o vento a destronou. E sentimo-nos impotentes para o acalmar agora que ele atingiu o seu pico.
Sons bem audíveis, quando se esbarra com os prédios que o tentam acalmar, numa fúria que não à memória e que veio para atazanar as disposições pouco dadas a este fenómenos.
Vai te embora vento repelente que não te queremos por cá!
Dizem todos cá do sítio com rostos onde a admiração e preocupação misturam-se nos falatórios de um sábado de descanso.
O vento não reduz a sua força.
Castiga por onde passa e as árvores coitadas de ramos abertos num pedido de calma que não é atendido. São derrubadas sem dó nem piedade por este bulldozer gigante que tudo leva avante.
Agora duas horas depois sente-se a sua força esvair-se e num suspiro de satisfação sentimos que tudo é efémero. O que aparece bailando furiosamente sobre as nossas cabeças, tentando acertar em muitas delas com o que agarra á sua passagem. Agora não passa de um ligeiro sopro de Inverno que afugenta as ultimas folhas agarradas a troncos centenários enchendo as ruas de pontos castanhos parecendo sardas em rosto gigante.
O que passou já vai longe para se esconder atrás das montanhas e tudo não passou de um ligeiro susto para sentirmos que a Natureza ainda dita as suas leis.

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