domingo, 23 de agosto de 2009
O Mês dos Imigrantes e as Remessas de outros Tempos
O mês de Agosto é o mês por excelência das férias da grande maioria das pessoas.
É neste mês que o País fica atolado de imigrantes, hoje dos mais variados pontos da Europa, onde a França continua a predominar. Mas vemos as estradas, os estacionamentos e até infelizmente os passeios, entupidos de viaturas estrangeiradas de vários países do velho continente.
Os imigrantes outrora, os suportes da nossa economia, onde as remessas dos dinheirinhos enviados cá para o País dos brandos costumes, eram o maná para equilibrar o barco português e manter-nos á tona numa navegação aos soluços, mas com mais ou menos dificuldade lá iríamos levando a água ao nosso moinho. Hoje os imigrantes, continuando a ser aos milhares e milhares, já se recatam em enviar as tão necessárias remessas de euros, tão necessárias como a chuva para as planícies alentejanas, porque deixaram de ser como os avós e já trabalham para se fixarem nos Países que os acolheram, onde os seus filhos já constituíram a família junto com as mulheres desses Países e por lá querem permanecer, só vendo Portugal em Agosto para que todos se juntem num arraial de imigração que na maioria dos casos já vai na terceira geração.
Mas dizia que os avós, que iniciaram a imigração com um só sentido: ganhar o mais possível, nem que para isso passassem enormes contrariedades, só para enviar o mais possível para cá, para acabarem a casa e juntar no banco, que os juritos que dava, eram o engordar da conta e o justificar de prolongada ausência fora da mulher coitada contando os dias numa ânsia a pairar o desfalecimento e os filhos embora com pai, mas tão longe dos braços indispensáveis do progenitor que tanta falta fazia.
Era assim a imigração, quando eu era um garoto!
O meu pai esteve a um passo de partir para a Alemanha e virar imigrante como milhares. Mas no último minuto ficou ao pé de nós, três miuditos a chorar por sentirem o pai a partir rumo ao desconhecido.
Eram cinco da manha e todos nós acordados e amarrados à mãe esperávamos a hora do meu pai partir rumo ao comboio que o levaria numa viagem tão longa para ele lá chegar e infinita para nós até ele voltar, rumo à Alemanha que eu, pequenito nem sabia onde ficava. Para mim era no fim do mundo!
Só que o meu pai desistiu! Desistiu de procurar bem longe dos nossos braços o sustento que nós pequenos não precisávamos, só o queríamos ao pé de nós. Todos os dias, todas as horas!
E ele ficou!
Voltou para o seu trabalho, liderando uma secção e ficou juntinho a nós por longos anos, passando a ser o nosso anjo da guarda nos caminhos por nós calcorreados, por essa vida fora à procura do nosso futuro.
Ora bem perto do lar onde sossegávamos as nossas ansiedades.
Ora longe! Procurando o diferente, já que longe da rotina, longe de ver tudo igual. Tornava-me na pessoa que realmente era e aí dando azo a toda a capacidade que emanava de mim, corria em busca da felicidade. Em busca da pureza das pessoas, para descobrir aquela que iria me acompanhar pela vida fora, fazendo nascer uma ligação adulta e segura para dar frutos no futuro. E como quem não quer a coisa, já leva umas boas polegadas de anos coesos e harmoniosos e assim se vai manter mesmo que alguém cá da família resolva procurar uma pátria, para soltar os seus conhecimentos bem longe de nós, já que no nosso país as oportunidades são como descobrir uma agulha num palheiro infelizmente!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário