sábado, 29 de agosto de 2009

O Euromilhôes que Devia encher Milhões de Corações



Jogo no Euromilhôes todas as semanas numa sociedade de empresa, onde uma dúzia, sonhamos com a riqueza.
A riqueza que ilumina a certeza em jogarmos, porque se não o fizermos, certamente nada nos sairá.
Chega a sexta-feira, milhões jogam na sorte do pouco ou muito. Ou nada!
Todos querem o primeiro prémio. Mas se for o segundo já ajuda a equilibrar a vidinha e talvez sobrando um pouco para os mais chegados da família, que é sempre lembrada nestas ocasiões.
Claro que muitos referem o segundo, numa espécie de contentamento, já que o primeiro é sempre o mais difícil de atingir e só um milagre, poderá dar esse consolo ao felizardo que lhe sair.
Mas sai sempre! E se não sair hoje irá sair na próxima, ou na próxima… Sair é que tem que sair. Diz o povo e com muita razão!
E como tem que sair a alguém demore o tempo que demorar, o tempo não é infinito e se acumular ao fim de dois meses e meio, ele tem que saltar cá para fora e correr com os felizardos num pé só, rumo a um avião para bem longe do bairro onde assenta arraiais. Para num mar de alegria e felicidade incontida, quase a roçar um ataque que levará tudo a perder antes mesmo de sentir os milhões e milhões que darão para comprar este mundo e o que aí vem!
Estou a imaginar todo aquele mar de dinheiro, que enche uma caixa forte, tipo tio patinhas, onde as notas até são expelidas pelas ranhuras das portas de tanto dinheiro lá introduzido, que de certeza levará à loucura momentânea a quem tem essa fézada, de primeiro nem acreditar que lhe saiu. Pedindo a quem está junto a ele: belisca-me, morde-me o braço e até num frenesim canibalesco. Ferra, ferra por amor de Deus, para eu saber que não estou a sonhar!
E como se tem visto já saíram de uma tômbola, onde milhões de olhos postos na TV, rezam para que as bolinhas tragam os números do seu boletim, onde os olhos parecem saltar das órbitas e entrar também na roda da sorte e procurar as bolinhas do primeiro para as fazer sair pelo palanque e rolarem suavemente pelo corredor metálico de encontro as que já lá estão.
Estou novamente a imaginar cinquenta bolas e milhões e milhões de olhos num frenesim de doidos, onde quem chegar primeiro, empurra a bolita para fora da roldana e pumba lá está a primeira.
Logo milhões, gritam pela Europa fora! Foi o meu olho, foi o meu olho!
Vem a segunda bolita e ainda milhões voltam a gritar!
Foi o outro meu olho, á grande olho, foste buscar logo o segundo. Só faltam três, esfregam as mãos numa de que é agora ou nunca.
Rola o terceiro e quase um milhão, batem palmas e viram-se para as suas Marias e dizem: já ganhamos algum! Já paga o que gastamos. Reza Maria, tu que vais à Missa todas as semanas. Reza e ao menos que saia mais um!
A quarta salta como quem não quer sair junto das outras. E milhares já sentem um friozito pela coluna acima e tentam esconder a ansiedade de gritarem que já têm quatro números.
E a quinta e última póque, caí como uma pena. Talvez por ser a ultima dos números e leva ao desespero milhões, que já sabem na velha Europa que não será desta vez que algo de palpável lhes sairá. Para a próxima à mais pensam os resignados.
Rolam as bolas das estrelas, para iluminarem os que ainda alimentam as esperanças do grande prémio. Que será a loucura total!
Primeira estrela! E milhares vêm logo milhões de estrelas, como se de um terrível soco se tratasse e ficam logo KO, do resto do concurso, onde estavam perto e agora bem longe, estatelados sem reacção perante tão grande desilusão.
E chegamos à última bola!
A bola que poderá ser a alegria sem fim para alguns, ou até um só. Das centenas que estão, já sem unhas, a sangrar pelos sabugos e com princípios de incontinência urinária.
E ela sai devagar devagarinho. Para muitos, séculos de espera na saída.
E pronto, ponto final em mais um concurso!
Se não foi desta vez, para a semana terá mais uma oportunidade em ganhar, basta apostar! Finaliza assim a apresentadora loira, mas que nada tem de …., para levantar a moral aos que nada ganharam.
E o vencedor quem foi?
Ninguém sabe e todos querem saber! Tanto dinheiro, tanta coisa para poder comprar!
Duas horas depois o veredicto final! A Europa é percorrida e PUM. O primeiro prémio foi para Portugal!
Meses depois estão em tribunal, desavindos porque o dinheiro lhes subiu àquelas cabecinhas, apagando um amor que se dizia para toda a vida e foi por água abaixo com tanto dinheiro que lhe caiu em sorte……

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