quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A Praia Fechada a Banhos de Sol



A manhã estava fresca, deixando dúvidas para ir ou não, à praia!
Mas pés ao caminho e sós, porque também precisamos de tempo para nós. Lá fomos rumo ao mar, que tanto gosto e que fica bem perto, só o tempo de dois dedos de conversa e num ápice ele desponta numa imensidão de água que parece infinita.
Dez horas de uma manhã com o tempo encoberto. Resolvemos dar uma caminhada praia fora, enquanto o sol não despontava, já que as nuvens algo carregadas, não deixavam o sol deitar o rabinho de fora.
Passamos por duas dúzias de jovens que iam iniciar um concurso de construções de areia, patrocinadas pela Autarquia local e isoladas por um dispositivo próprio para estes eventos com publicidade bem visível e o publico ainda não muito, fazendo guarda em redor do rectângulo das construções.
Descemos o paredão que o homem construiu para que a areia não fosse levada praia fora e deixasse esta zona despida de areal e revestida de rocha um pouco por todo lado.
Caminhamos calmamente, com a toalha pendurada no pulso e os chinelos na mão. A outra mão tinha por obrigação dar a mão, á mão da minha jovem. Que de saco a tiracolo e a toalha metida no meio das alças, lá caminhávamos praia fora, pelo areal imenso.
Depois das marés vivas que trouxeram um mar em fúria para bem perto onde estavam centenas de barracas, que tiveram que arregaçar a farda até ao cimo deixando os quatro paus a descoberto num espectáculo desolador em pleno Verão. Agora o mar, dava a sensação que se encolheu, se encolheu, sendo preciso ir procura-lo metros e metros para molhar os pés e sentir a temperatura da água, ponto crucial para testar a possibilidade ou não, de dar uns bons mergulhos e sentir a frescura de um banho tão apetecido, mas muitas das vezes devido à temperatura da água, um autentico martírio.
E lá caminhávamos, conversando da vida, recordando aventuras anos antes nesta mesma praia, onde o nosso amor nasceu para a intimidade incontrolável, ora nas dunas que enquanto caminhávamos recordávamos os nossos poisos resguardados, ora bem perto naquele emaranhado de casas, onde a que os meus pais alugavam durante o mês de Agosto serviu para em algumas horas unirmos os nossos corpos e jurarmos juras de amor.
Entretanto descobrimos que já estávamos bem longe do centro da praia, numa zona deserta a convidar virar para trás e regressar ao inicio para estender as toalhas e curtir um pouco o sol que entretanto dava mostras de abrir numa luz tão clara que ficamos com a sensação que o dia de praia ia prometer.
Puro engano! Ao vislumbrarmos novamente as construções de areia, onde cada miúdo (a), já apresentavam a sua imaginação vincada em areia. Agora repleta de curiosos que não davam espaço para nos debruçarmos nos trabalhos arenosos dos miúdos. O sol foi-se para nunca mais voltar!
Então saímos do areal e percorremos a Vila acabada de sair de um fim-de-semana festivo e ainda com as barracas de vendas de tudo um pouco, a embelezar a calçada. Coscuvilhamos as quinquilharias e tentamos descobrir no pouco peixe das mulheres dos pescadores, no espaço destilado à venda, se algum poderia valer os bons euros que pediam, pensando que éramos turistas vindos de outras zonas com os bolsos cheios de euros, para comprar o que diziam fresco mas que um bom olho descobria o contrario.
Como o peixe não agradou e a hora já avançava, procurei um restaurante típico de beira-mar já conhecido e saboreei umas gostosas sardinhas assadas com batata a murro, acompanhado de uma boa salada. Que me souberam pela vida e aumentaram a minha excitação de felicidade perante a minha jovem que não parava de conversar de velhos tempos e com altas temperaturas amorosas.
Como a restaurante ficava mesmo em cima da praia, só evitado pelas dunas e foi por elas que descemos e novamente de encontro à praia, caminhamos rumo à longa extensão, que ia-nos levar até o cansaço nos fazer parar.
O mar continuava numa maré tão baixa que descobria os rochedos outrora difíceis de vislumbrar.
Os banhistas, poucos nesta zona de praia, aproveitavam para tentar retirar mexilhão e assim passavam o tempo. Já que o sol não aparecia e o céu mostrava-se encoberto, ameaçando até chuviscar a qualquer momento.
A meio de mais uma caminhada, onde já não se vislumbrava qualquer sinal do centro da Vila, numa praia onde poucos eram os banhistas que se cruzavam connosco. Resolvemos virar e voltar ao ponto de partida.
Não é que começa a chover!
Primeiro uns chuviscos. Dava a sensação da névoa a dissipar-se. Pegamos nas toalhas e enrolamos cada qual na sua para proteger dos chuviscos.
Tentamo-nos abrigar no meio de umas dunas, mas o local não era convidativo.
Enquanto caminhávamos, pensamos em alugar uma barraca e ficar por aí, na esperança de ainda podermos curtir alguma praia e juntarmo-nos corpo a corpo fora do alcance dos olhares indiscretos.
Mas é que a chuva resolve aparecer a valer e só uma valente correria até ao carro já meio ensopados socorre-nos de um valente banho, não de mar. Mas de chuva e vestidos o que não era nada agradável.
Não houve sol, nem banho de mar!
Houve praia acima, praia abaixo. Num recordar de emoções de tempos idos, que deixam a nostalgia ferver.
Fomos corridos a meio da tarde pela chuva que nos levou a casa, de encontro a um banho quente e a uma paixão ardente, que já ameaçava transbordar ora num cantinho perdido de uma duna. Ora numa barraca no meio de tantas outras, fechadas. Já que o tempo deixou os banhistas em casa e a praia repleta de gaivotas a debicar restos enrolados na areia que a maré viva da véspera, remexeu vezes sem conta.

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