quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Não Gosto da Chuva. Não Gosto Mesmo!



A chuva devia de aparecer quando a noite já vai alta e assim cair sem afectar ninguém e até ajuda a combater as insónias, já que é agradável ouvir a chuva cair quando já estamos no quentinho prontos para adormecer e descansar o corpo obrigado aos esforços contínuos de um dia de trabalho.
Mas pelo correr do dia a chuva é nefasta!
É um martírio para se conduzir, em estradas repletas de trânsito, sempre com as escovas num vai e vem constante, que irrita quem vai ao volante e obriga a uma atenção redobrada.
Levamos com ela pela roupa abaixo, quando percorremos o passeio e como se não bastasse, ainda somos autenticamente agredidos com uma vareta em direcção ao peito, das pessoas que de guarda-chuva na mão sendo mais pequenas fazem do mesmo o abre alas para continuar o seu caminho.
A chuva deixa o dia negro!
Negro de alegria, pairando a tristeza nas pessoas, que abrigam a cabeça dentro do guarda-chuva, mas o resto do corpo é martirizado com esta irritante queda de água que ensopa a roupa colando-se ao corpo esfriando-o do calor tão necessário para no mínimo suportar tal intempérie.
Negro da luminosidade, que se esconde por trás das nuvens negras autênticas barreiras intransponíveis e que vigiam os nossos passos num vai e vem rotineiro, que às duas por três, nos abençoa com um chuveiro bem forte que encharca os caminhos por onde passamos, enlameando as avenidas carregadas de prédios que ficam á mercê desses contínuos chuveiros, encharcando as entradas e levando atrás de nós as passadas pingando gotas ininterruptas de água, até que a entrada do apartamento seja o caleiro onde desagua finalmente o que resta da chuva que nos obrigou a transportá-la até ali.
Prefiro o frio, mesmo o frio intenso, do que o raio da chuva e logo eu que detesto andar de guarda-chuva e claro paro o carro e toca a correr vá para onda vá.
Sou logo recebido por fortes bátegas, pensando que chove pouco e corro o mais rápido possível, imaginando que a chuva é mais vagarosa e não chega a apanhar-me.
Mas apanha-me num abrir e fechar de olhos, mais fechados porque até pelos olhos dentro ela me encara.
A chuva é preciosa, sem dúvida dizemos todos!
Então que o Divino Espírito Santo a mande para o bem de todos pela noitinha. Onde estamos resguardados no quentinho, ouvindo o seu uivo bem juntinho à nossa jovem num prazer aconchegante que embala o corpo e saboreia a chuva do lado de lá da janela.
Só que choveu de noite. Continuando pela manhã sem interrupção alagando a terra. E a tarde vai dar lugar, novamente à noite com a chuva a fazer questão de nos ensopar.
E quando era miúdo, chovia dias e dias sem parar.
O fogão era o poiso das botas para secarem.
As meias talvez secassem nos pés, não sei. Só sei que não eram com a fartura dos dias de hoje onde um estendal enche-se de peúgas.
E chovia sem parar. Chovia uma semana seguida.
Os rios enchiam. As estradas eram o caminho que a água seguia em direcção aos campos que serviam de foz. Mas os campos alagavam-se e tornavam a enviar a água rua fora e saltávamos com as calças esticadas de um lado para o outro na vá tentativa de pousar num local menos profundo, onde a água não cobrisse as botas. As únicas que possuía, porque o tempo era de vacas bem magras e botas só aquelas para a semana e os Domingos.

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