sábado, 18 de julho de 2009

A Primeira Noite das Muitas que Já lá Vão




Caminho no passeio acabado de restaurar, não tenho destino mas guio-me pelo pensamento que me elucida para o que preciso de encontrar.
Como me sinto muito só e com enorme vontade de encontrar alguém, refugio-me nesse alguém para libertar esta angústia e entregar tudo o que acumulei. Atingindo já um enorme novelo de sensações e anseio angustiantemente, desenrolá-lo durante uma noite, de longos desejos, de curtas confissões e abertura a imagens reais, que só nos nossos sonhos abertamente nos entregamos.
Sei quem procuro! Não interessa o nome, ou quem é!
Procuro aqueles olhos que me fazem parar bruscamente e me inclinam a olhar cegamente para ti.
Este é o ponto de partida que todos nós procuramos intensamente!
O ponto de partida que nos transmite uma certa certeza em conseguir um raio de luz, num horizonte em que caminhamos penosamente.
Encontro-te finalmente! E finalmente porque, os teus olhos buscam o mesmo que os meus!
Procuro juntá-los. Não é fácil existem sempre barreiras! Barreiras invisíveis, mas poderosas que nos impedem de as soltar, para se dar o primeiro passo.
Acreditei finalmente que somos impelidos para algo que nos perturbou seriamente e vemo-nos ao pé um do outro sem falarmos, sem gestos nesse primeiro instante. Só o olhar inclina o nosso propósito e acomoda-me frente a frente num momento que já pouco acreditava mas que incessantemente ansiava.
É tão puro estarmos a viver este momento! É maravilhoso o estado de espírito que se apodera de mim!
Falas e eu analiso as tuas expressões. A forma da tua boca, o efeito que os teus lábios ganham. Meu Deus o que eu penso! A necessidade encaminha-me para a perversão!
Quero-te amar! Quero, te amar numa cama toda a noite, enquanto tiver força e procurar que o tempo pare!
Mas de ti nada se reflecte nesse sentido.
Primeiro muito reservada, encolhes-te como um anjo, que nos aparece a meio da noite só para sentir o nosso respirar e sem nos acordar, permaneces até raiar a manhã deixando a leveza de um bem-estar suave e feliz.
Penso que sou paciente, embora louco para te levar comigo de encontro às minhas iniciais intenções.
Mas alargando já outros propósitos, perante a lucidez que tu me embalas, acabo por me deixar levar pelo teu encanto e sou obrigado com bastante agrado a refrear o meu instinto e assistir aos poucos e poucos, à magia que é a tua imagem e fascinar-me com a beleza total que emana de ti, enchendo esta sala constantemente ruidosa, mas fechada e impenetrável no espaço que conquistamos.
Falas de ti. Falas dos teus queridos amigos enfim, falas da tua vida.
Mas espero ansioso que principies a falar de mim. É para isso que estou mesmo à tua frente, num momento tão feliz, mas que levou milhentos segundos a realizar-se.
Tens um gesto característico nesta fase que já gozamos de uma certa abertura. Ao contares um episódio pitoresco que te envolveu. Sem intenção tocas ao de leve na minha mão e sinto um calafrio intenso que me instiga a saltar para ti. Mas contenho-me perante a pureza dos teus gestos e as gargalhadas radiantes que lanças, dado os meus delirios convencidos, que procuro desde o momento que ceguei, quando te olhei.
O tempo que nem medimos, mas como tudo na vida vai passando, chama-nos à realidade! A tarde era clara e fresca quando nos encontramos. Neste momento a noite ameaça cair e tu pouco ou nadas falas de mim.
Nisto, enfrentas-me olhos nos olhos!
Olhar penetrante, boca pronta a disparar e docemente murmuras, aproximando o teu rosto do meu, como um segredo, bem junto ao ouvido.
Quero que me ames esta noite! Quero que ao amarmo-nos eu sinta tudo belo e feliz!
Dou-te a noite toda e dou-te tudo o que possuo!
Mas agora vamos jantar! Casa te ofereço. Comida te faço! Só quero que me ames esta noite. E depois todas e todas as noites que a nossa vida nos vier a proporcionar.
E cá estou eu, passadas já tantas noites, a esperar que tu chegues cansada mas feliz, do trabalho que te realiza. Para findares o dia, com a noite que alimenta a minha vida.

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