sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A manhã Está Húmida e Fria




Já a estou a olhar quando levanto a cortina lavável, ao mesmo tempo que preparo o pequeno-almoço aos garotos.
A manhã ainda bebé, mas já ameaçando chuva, uma bela prenda para o resto do dia. Mas nada de grave já estamos habituados com este tempo e estas manhãs chocas.
Elas multiplicam-se em constantes acordares de desânimo, por virem salpicadas de tempo chato e deixam rastos húmidos por onde passamos a caminho das nossas vidas.
Os filhotes lá vão carregados com as mochilas que lhes entortam a coluna e fazem deles uns burritos carregados de livros para serem doutores.
Juntam-se aos colegas que à entrada esperam pelos mais atrasados. E lá vão de sorriso aberto e contando as suas peripécias, numa idade ainda tenra, que lhes mostra o outro lado da incerteza.
Levam os seus sonhos ainda sonolentos, a caminho da escola que se enche de alunos, logo bem cedo porque é bem cedinho que o dia começa para eles.
Esperam-lhes um percurso difícil, nesta sociedade cada vez mais fechada em si e sem sentimentos para os que a fazem girar em prol de unir a humanidade no caminho da igualdade fraternidade e oportunidade.
E eu lá saio a caminho do nada à procura de coisa nenhuma, mas querendo tudo!
Querendo o naco que nestes anos me alimentou todas as necessidades.
Me ajudou a criar o futuro dos meus.
E me mantém vivo para olhar em frente, desafiando os comedores dos mais fracos a meter a viola no saco.

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