domingo, 10 de janeiro de 2010

O Frio que nos Encosta ao Canto mais Quente



O que se pode fazer com este frio?
Aquecer o corpo, assistindo ao estalar da madeira quando o fogo a devora para nos dar mais calor.
E de vez em quando espreitar pela janela e ver que ninguém anda na rua!
Ninguém põe os corninhos de fora para coscuvilhar o que quer que seja.
Nem mesmo a canalhada, que se junta horas a fio nas entradas a curtir uns charros e a fumar seguido, ao som de músicas vindas dos telemóveis, sempre com o mesmo ritmo, que todos ouvem até à exaustão. Estão desaparecidos, metidos sabe-se lá onde a ruminar o que podem fazer e ninguém sabe o que fazem, este bando de inúteis.
O frio é mesmo intenso!
Torna os dias parecidos como catástrofes, onde tudo desaparece!
Não há sorrisos que se cruzam. Não há saudações de gente conhecida. Não há convites para duas de treta em bares cheios de história.
O frio assola toda a Europa!
Todos se queixam das diabruras do tempo.
Cobre como um manto branco vários países que esgravatam para diluir a neve que se amontoa, mesmo em tudo que é canto.
O branco dá uma visão espectacular, mas já está a por a cabeça à roda dos europeus que acostumados a acordar com os alpendres a ranger de tanta neve sob o seu tecto e os automóveis guardados por camadas brancas anti roubo. Tilintam de impaciência e rezam para que as temperaturas subam um pouco e lhes traga neve mais fofa, que dê para divertir e não para arruinar a paciência.
Nós, neve assim não temos. Cada um tem o que merece, já dizia o meu avô. Mas a nós, calhou-nos este frio que acompanhado por uma chuva mijona, estilhaça os ossos e enruga o corpo já ferido por ser obrigado a resignar-se às quatro paredes.
O frio veio para ficar mais uns dias!
Dá vontade de o mandar para o árctico e conservar os enormes icebergues que se estão a desmoronar devido ao aquecimento. Aí é que ele estava bem, junto com a sua atmosfera para remediar o mal que tanto lhe fazemos.
Mas teima em brindar de uma forma que não deixe duvida, a velha Europa.
Como não existe remédio para o correr daqui, é aguentá-lo aconchegados ao calor do lume e ao encosto da família.

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